terça-feira, 11 de junho de 2019

Direita em pânico vocifera, mas não faz ideia do tamanho de Glenn Greenwald


Era evidente que os pitbulls virtuais de Jair Bolsonaro entrariam em ação frente ao escândalo divulgado pelo site The Intercept Brasil no domingo à noite (9). Seu fundador, o jornalista Glenn Greenwald, já imaginava a reação raivosa e está dedicando o dia de hoje a dar entrevistas e, principalmente, rebater mentiras e ataques de diversas personalidades da extrema-direita por meio de suas redes sociais.
É preciso, diante do imenso serviço que Glenn e sua equipe estão prestando à democracia do país, divulgar um pouco da história do jornalista e, ao mesmo tempo, rebater alguns absurdos que estão circulandos nas redes em relação a ele e a seu companheiro, o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ). Isso porque a fábrica de mentiras da extrema-direita, diretamente ligada a Jair Bolsonaro e seus filhos alucinados, não para nunca. Então vamos lá.

Um bom começo para entender a importância de Glenn não só para o jornalismo, mas para as democracias do mundo, é assistir ao filme Snowden (foto), dirigido por Oliver Stone.
Além de ser um filme excelente, presta um serviço público ao escancarar a vigilância criminosa dos Estados Unidos sobre cidadãos de todo o mundo. No site do Intercept, é possível ler um minicurrículo de Glenn:
Glenn Greenwald é um dos três fundadores do The Intercept. É jornalista, advogado constitucionalista e autor de quatro livros entre os mais vendidos do New York Times na seção de política e direito. Seu livro mais recente, No Place to Hide (Sem Lugar Para Se Esconder), descreve o estado de vigilância implementado pelo governo americano e seus aprendizados durante as reportagens sobre os documentos vazados por Edward Snowden.
Antes de fundar o Intercept, Glenn escrevia para o jornal britânico The Guardian e para o portal Salon. Foi o primeiro ganhador, ao lado de Amy Goodman, do Prêmio de Jornalismo Independente Park Center I.F. Stone em 2008 e também recebeu o Prêmio Online Journalism de 2010 por sua investigação sobre as condições degradantes na detenção de Chelsea Manning.
Por conta de suas reportagens sobre a NSA (Agência de Segurança Nacional – EUA), recebeu o Prêmio George Polk de Reportagens sobre Segurança Nacional; o Prêmio de Jornalismo Investigativo e de Jornalismo Fiscalizador da Gannett Foundation; o Prêmio Esso de Excelência em Reportagens Investigativas no Brasil (foi o primeiro estrangeiro premiado) e o Prêmio de Pioneirismo da Electronic Frontier Foundation.
Ao lado de Laura Poitras, a revista Foreign Policy o indicou como um dos 100 principais pensadores globais de 2013. As reportagens sobre a NSA para o jornal The Guardian receberam o Prêmio Pulitzer de 2014 na categoria Serviço Público.
Ou seja, estamos falando de um vencedor do Prêmio Pulitzer, o maior prêmio da categoria no mundo. E eis que, hoje, o Blog da Cidadania recebeu diversos comentários sem pé nem cabeça contra Glenn e seu companheiro. Uma dessas mensagens dava conta de que ambos teriam cometido crimes no Reino Unido. Vejamos o que diz o site de checagem de notícias. Aos fatos:
Não é verdade que o jornalista americano Glenn Greenwald, editor fundador do site The Intercept Brasil, e seu companheiro, o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ), foram acusados de atentar contra a segurança pública do Reino Unido. Atribuições desse tipo foram divulgadas nas redes sociais (veja aqui) depois que a página publicou, no último domingo (9), uma série de mensagens privadas atribuídas ao ministro da Justiça, Sérgio Moro, e ao procurador Deltan Dallagnol. (leia aqui a íntegra do post do Aos Fatos).
Sobre essa mentira, uma internauta postou reportagem do Terra de 2014 como se esta corroborasse a informação de que David Miranda teria cometido um crime no exterior. É assustador o analfabetismo político e/ou o analfabetismo funcional dessas pessoas. A maioria não lê o que compartilha. Não está interessada em aprender, em se informar. Muitos apenas escolheram um lado do fla-flu e ponto final. Nada mais importa.
E assim segue, em franca decadência, é verdade, a imagem dos “mitos”. Dentre eles, Sérgio Moro, um juiz medíocre de primeira instante, intelectualmente limitado, que usou de sua toga para prender um inocente e, em seguida, receber um ministério de presente. Bela compensação…

A mentira sobre “terrorismo”
A matéria do Terra que a internauta compartilhou informa que David Miranda foi detido no aeroporto de Heathrow, na Inglaterra, por 9 horas por suspeita de terrorismo, pois ele carregava diversos equipamentos. A lei britânica permite esse tipo de abordagem. No entanto, uma vez que não havia nada contra David, ele foi liberado.
Após o episódio, o deputado moveu uma ação contra o Estado, dizendo que a medida havia sido ilegal, desproporcional. Na época, ele estava diretamente envolvido na questão de Snowden. Um trecho da matéria diz que:
Os juízes entenderam que a prisão de Miranda foi uma interferência indireta à liberdade de imprensa, mas disseram que a ação foi justificada por legítimos e “urgentes” interesses de segurança nacional.
Ou seja, ele 1) NÃO cometeu crime; 2) os juízes reconheceram que a prisão violou seu direito como JORNALISTA; 3) a prisão, porém, não foi considerada ilegal. E assim seguimos na Bolsolândia, a terra da Fakenews.
O que dá certo alívio e esperança, apesar de toda essa lama na qual nossa república foi lançada, é ver que, com o tempo, as máscaras de todos estão caindo. E, como jornalista, fico feliz de ver que essa profissão (subjugada pela grande mídia) ainda respira e pode fazer muita diferença.
Só tenho a agradecer ao colega. Que ele siga firme pois, segundo uma entrevista dada hoje pelo editor-executivo do The Intercept Brasil, Leandro Demori, apenas “1% do material” recebido foi analisado e publicado pelo site. Que venham novas bombas contra a mentira, a injustiça e a hipocrisia.